domingo, 22 de março de 2009

Confrontando o Mal
o genocídio ruandês

O vídeo disponível abaixo foi uma produção da Human Rights Watch do ano de 2004, aniversário de uma década do genocídio ruandês. Nele figura a ativista Alison des Forges, historiadora especialista na região dos Grandes Lagos Africanos e no genocídio de Ruanda, morta em um acidente de avião no último dia 12 de fevereiro.

O papel de Alison des Forges na divulgação do ocorrido em Ruanda foi fundamental. Em 1999 escreveu Leave None to Tell the Story, livro no qual afirma que o que ocorreu no país africano não foi uma mera conseqüencia de históricas disputas étnicas, mas sim uma ação planejada das lideranças políticas.

Ela foi testemunha por onze vezes diante do Tribunal Penal Internacional para Ruanda e divulgou a história do genocídio por uma série de tribunas mundo afora.

Confronting Evil: Genocide in Rwanda



© 2004 Human Rights Watch


A justiça é cega. O mundo também.

Jean Kambanda nasceu em 1955. Em 1994 tornava-se primeiro-ministro de Ruanda. Em 1998 era condenado à prisão perpétua por contribuir para o genocídio de parte da população de seu país país ocorrido quatro anos antes.

Jean Kambala esteve envolvido diretamente nos crimes cometidos, através da distribuição de armas e munição entre a população para o massacre e de sua omissão na contenção dos mesmos. Hoje, está preso em Mali.

O Tribunal Penal Internacional para Ruanda poderia servir como instrumento para recuperar a memória do massacre, no entanto, mesmo com a prisão do primeiro ministro, talvez seu papel não esteja sendo bem cumprido.

Segundo Thierry Cruvellier, jornalista francês que trabalhou no país, documentos e depoimentos valiosos foram coletados, mas são manipulados pelo interesse das potências. O acesso aos dados é restrito. “A história do massacre, contada pelos funcionários, é caricatural. Entre 1996 e 2005, os juízes só foram uma vez a Ruanda, acompanhados de uma escolta militar e jornalística. A história das causas do massacre ainda precisa ser escrita”, revela.

O julgamento do Jean Kambanda representa bem essa manipulação. Cruvellier considera a condenação à prisão perpétua justa, pois Kambanda coordenou a onda de violência. Mas, para ele, o processo foi errado: “O TPIR forçou uma confissão e a divulgou. Ele nunca assumiu a responsabilidade pelo que ocorreu. A condenação é justa, mas o modo como foi feita é um fracasso”.

Agora é a vez de nossos delegados assumirem o papel de protagonistas do ocorrido no TPIR. Será que a justiça será feita?




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